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Permita-se som de chuva, a poltrona confortável, duas xícaras de café e submeter a
mais porquês o corpo e o espírito. Assim se apresenta Os opostos existenciais.
Ao destemido, cuidado: a poesia aqui germinada confronta três extremos. Em seu
primeiro tomo, Lara Utzig e Tiago Quingosta fundem ódio e amor de maneira dinâmica
– como são a ira que justifica a paixão e o afago que oferece a raiva. Ao ousarem
neologia desde os seus títulos, os dois sádicos travestidos de poetas convidam o leitor
a pintar amor de vermelho-cólera e transplantar coração em ódio.
Em continuidade à oposição de sentidos, Samila Lages e Odisseu Castro, como
alquimistas, provocam o desnudar-se em treva e o obscurecer-se à luz. Em
manipulação a esses elementos, o segundo tomo se perfaz pela transmutação do alvo
denso ao negro em expansão, da profundidade ao cume, da ilusão ao deslumbre; da
aurora ao poente. Basta ao cego no lusco-fusco, pois, que se atreva em luz.
Por fim, em seu terceiro tomo, Genniffer Moreira e Gûlval Auridan fazem a vezes de
artesão para talharem portais no muro-limite entre o ser e o não mais estar. Que tal
tachar essencialmente cúmplices a longitude da morte e a brevidade da vida? Eis o que
se propõe. Existência e desistência à la ouroboros que, por temer sua finitude, põe-se
a bailar yin-yang perpétua e ternamente.
Em brinde à apoteose de seus sentimentos, ao fim de cada tomo os seis autores aos
pares se (des)dobram em um. Unificam suas pluralidades e o resultado dessa oposição
complementar reina sob a forma dos textos “Venda de seda”, “Romã” e “Sorte ou
morte”.
Seja bem-vindo, leitor. Oponha-se ao simples sobreviver: superexista.
Rodrigo Mergulhão
Linguista e produtor textual