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Eu, poeta do amor e do infortúnio,
Soube por inspirada intuição
Que as manhãs de sol tinham cessado,
Que as tardes quentes tinham acabado
E que as noites estreladas haviam chegado ao fim.
Porém, a mesma visão certeira me disse
Que nem mesmo a morte,
Funesta e fatal inimiga de toda a forma de vida,
Seria capaz de fazer olvidar aquele amor
Que um dia foi maior que a própria vida,
Conferindo-lhe verdade, beleza, sentido e valor
A que só os deuses imortais podem aspirar
E aos pobres mortais,
Mesmo aos mais nobres de entre eles,
Porventura sobretudo a esses,
nada mais resta que sonhar.
Por isso, ó morte, eu te digo
Que não te temo,
Que podes vir sem mácula nem temor,
Pois o amor que vivi por uma mulher,
A mais bela e amável de todas elas,
Tornou-me imune ao teu poder
Ao dar-me aquele saboroso vislumbre da eternidade
Que todos os mortais sonham conhecer um dia,
Que todos os homens almejam sentir e viver,
E todos os poetas ousam cantar,
Mesmo sabendo de antemão
Que sempre será da morte
A palavra final
Que no fim os consumirá.