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Como será Angola daqui a 150 anos?
É a esta impertinente pergunta que a audácia de F. Tchikondo ousa responder. Em vez de audácia, alguns preferirão dizer atrevimento. E não apenas ao “como será o país”, mas, também, ao “como lá chegará”.
O autor socorre-se do que se poderia comodamente chamar ficção científica, mas é bem mais do que isso, pois, se de facto nos depararmos, nestas páginas, com Física Quântica, Levitação Magnética em meios de transporte ou outros domínios explorados por vários escritores de ficção científica, descobriremos, além disso, surpreendentes substitutos do matrimónio costumeiro e dos nossos tipos de família, fugindo à tradição africana e europeia, por exemplo.
Há excursões pela antropologia que podem ferir preconceitos adquiridos, identidades. Conceitos de jurisprudência e sistemas jurídicos considerados, hoje, sólidos deixam de ser perenes e a própria ética merecerá alguns arranhões, como é o caso do interessante conceito económico de “gestão em águas turvas”, tão atual nos dias de hoje, com outro nome.
Audácia, também, em apostar no turismo como fator de desenvolvimento. Outro tabu a ser rompido será a descentralização, num país que hoje está no auge do centralismo, elegendo o Planalto Central como novo núcleo renovador do poder político. De facto, há muito sumo a escorrer das páginas deste livro.
Em breves palavras, o romance obriga-nos a pensar e chegar à conclusão de que nada é estático, tudo pode sempre mudar. Neste caso, pelo otimismo próprio do autor, será para melhor.
Saúde-se, pois, F. Tchikondo, pelo seu novo livro, fácil e atrativo, saído de uma fértil imaginação e de muito pensamento.
Pepetela