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O “Diário de Otto Klein” foi mantido por um judeu austríaco entre 1922 e 1939. Melhor do que uma narrativa meramente factual, ele registra as vivências do autor (do referido diário) ao longo de seu dia a dia, num texto, portanto, não influenciado pelos ardis e lacunas da memória tão frequentes nos relatos elaborados décadas depois dos acontecimentos. Frequentemente emotivo leva-nos a nos embrenhar, a mergulhar no espírito que prevalecia na Viena daqueles dias, a senti-lo, portanto. A ação nos conduz até o início da hecatombe que tanto abalou a Europa e o mundo na primeira metade do século XX, permitindo-nos acompanhar como aquilo evoluiu em Viena.
O dia a dia de um homem em busca de realização pessoal em um meio crescentemente hostil, seus estratagemas para superar as privações familiares em que foi criado, obrigando-se para isso a abrir mão de sua identidade. O diário permite-nos acompanhar as contradições em que é obrigado a viver, as conquistas e perdas em sua vida profissional, social e amorosa até os dias do epílogo tão dramático quanto inesperado.
Um interesse adicional da obra é o olhar penetrante que lança o leitor a um período pouco visitado pela literatura que existe a respeito. Refiro-me à determinada inflexão no desenrolar da história do Holocausto. Na verdade, a literatura de ficção inspirada no período da anexação austríaca (Anschluss) é extremamente rara. E esse é justamente o momento culminante do desenrolar de nossa narrativa, o drama do judeu austríaco ao eclodir o Anschluss, a súbita e brutal precipitação do ataque aos judeus, a extinção abrupta de sua identidade como cidadão austríaco, finalmente sua expulsão ou confinamento e morte.