Insira abaixo o email associado à sua conta e clique em "enviar". Receberá no seu email um link a partir do qual poderá criar uma nova password.
O esforço transhistórico da humanidade pela sua emancipação é contrariado pela expropriação do pensamento livre e pela sua instrumentalização ao serviço de poderes fácticos.
Sócrates resistiu e foi executado.
Depois disso, foi criada a lenda socrática de um filósofo indiferente aos problemas reais do seu tempo e da sua cidade, alienado da própria vida (“A única tarefa de quem trata da filosofia propriamente dita é… morrer e estar morto”), obcecado pelo céu das ideias onde residiriam os valores como realidade em si e que a alma teria conhecido “em pessoa” antes de se unir ao corpo.
Foi Platão quem, desta forma, o encarcerou na jaula da metafísica para todo o sempre e para todo o sempre o tornou utilizável para as obstruções históricas do pensamento crítico.
O contrário daquilo que ele foi e pretendeu ser.
Feito o balanço de algumas das barbaridades que têm autodestruído e continuam a autodestruir a humanidade, ilimitadamente e indefinidamente, é oportuno lembrar Sócrates para dizer, sob a sua inspiração, que é a renúncia dos povos e dos particulares ao direito de questionar a autoridade dos decisores que permite que estes arrastem as multidões indefesas para a sua morte e para a morte de outras multidões igualmente indefesas, falsamente identificadas como inimigas. Não é preciso mais para reconhecer que é urgente resgatar Sócrates e restituí-lo à sua missão.