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Este texto emana de um olhar crítico-analítico da realidade social, política e económica vigente em Angola, de uma forma retrospectiva, do período que abrange desde a assinatura do “Memorando do Lwena e Acordos de Paz” até a realização das eleições de 2017. Para o efeito, este diagnóstico apoia-se nas teorias Análise Crítica do Discurso e Ideologia Linguística – novas tendências da Sociolinguística pós-modernista preocupadas em explicar a relação entre a língua e o poder, tal como a forma como a língua é manipulada para se ascender e preservar o poder. Olhando para os diversos actos e momentos discursivos, assim como para as contradizentes práticas sociais, políticas e económicas e os actores que as protagonizam, o estudo obedece aos princípios do materialismo, da historicidade e da temporalidade que constituem uma das bases analíticas da Ideologia Linguística.
Desconstruindo os diferentes fenómenos sociopolíticos e económicos e aplicando a transdisciplinaridade como metodologia de análise, o estudo procura demonstrar como o discurso político tende a distorcer conceitos como paz, reconciliação nacional, corrupção, cidadão e tantos outros afins, aplicando a estratégia autoritária. Este exercício é realizado com a identificação das ambiguidades entre o discurso político e a prática social, apresentando as atrocidades sociais, políticas e económicas, assim como os paradoxos que delas emanam, conducentes a fenómenos discriminatórios tais como a desigualdade, a injustiça, a discriminação e a exclusão sociais endossadas pelo Estado, as quais, por sua vez, produzem três modelos tipológicos de repressão que revelam a (re)produção e (re)formatação da ideologia e política coloniais. O processo analítico demonstra também como a praxis de disparidades entre o discurso político e as práticas sociais, bem como os vários modelos de atrocidades e paradoxos que eles geram militam, concorrendo como constrangimentos que obstruem o processo de edificação de uma paz de facto.
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