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Até Abril de 74, li muito, mas muito pouca literatura que me condicionasse política e ideologicamente e me desse uma consciência da realidade do que era ser governante no alto da pirâmide de um Estado.
Se por um lado tinha a liberdade de visitar com Hemingway a boémia liberal de Paris, de com Greene mergulhar nas contradições coloniais da Indochina e de com Malraux ficar paralisado com a ideia de que um “ladrão” de estatuetas raras nos confins da floresta Cambojana ir morrer como um herói da “França política”, noutra dimensão tudo isso me parecia uma ficção permitida, dada a certeza como me era apresentado um País governado por procuradores da divindade.
Assim, só após ter mergulhado na política pura e dura, a partir da década de 90, é que tive a oportunidade de ir compreendendo o óbvio.
De entender que em democracia, e ainda mais em ditadura, o poder é exercido por homens e mulheres completamente comuns. Com qualidades e defeitos, com crises afectivas, euforias e depressões, com problemas familiares, com aflições financeiras e até descontrolados por vícios e perversões.
E não há nenhum mal que daí venha. O que é desejável é que os regimes sejam fábricas de promoção de talento e mérito e não de mediocridade bajuladora. Mas
sempre o faraó com gente de carne e osso, sujeita a todas as vicissitudes inerentes à Natureza Humana.
Este livro mostra a forma como convivi com homens e mulheres normais, que com mais ou menos merecimento chegaram ao topo.
Se ele servir para que cada vez mais cidadãos aceitem esta verdade como sendo inevitável e até desejável, estaremos sempre mais defendidos das tentações providenciais que procuram reeditar cenários passados, indesejáveis e inconsequentes.