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Estava um frio de rachar e o vale parecia adormecido debaixo do manto branco da geada. Em volta, o Sol começava a espreguiçar-se e, com os seus raios, dourava o cume das serras cobertas de fragas embaladas pela música de dezenas de passarinhos, que começavam a esvoaçar.
— Despachem-se! Se chegarmos atrasados, não conseguiremos bilhetes para visitar o Museu — exclamou o Pai.
Rapidamente, todos entraram na pequena viatura, que se abatia com um chocalhar de lata velha. Samir, de sorriso rasgado, apreciava o caminho através do vidro grosso, mosqueado e riscado pelo tempo.
Ainda era cedo e àquela hora havia pouco movimento na praça. As ruas tinham um ar vagamente adormecido, nuas sem vivalma, que contrastavam com a magia estampada nas montras das lojas. Enfeitadas com pinheirinhos de Natal, flocos de algodão que imitavam a gélida neve e muitas bolas de todas as cores e tamanhos. As luzes cintilantes transmitiam uma mensagem alegre de “Feliz Natal!”