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Todas as restrições inerentes a um confinamento, seja ele de que ordem for, provocam invariáveis dificuldades nas dinâmicas da sociedade, em geral, e de um bairro, em particular. Se, adicionalmente, falarmos do histórico bairro de Alfama, então há uma quentura sanguínea que se avoluma, em segundos, e tudo se agita atavicamente. Numa quarentena inédita que deixou o turismo lá fora, Covid (filho de Constantino e David) atormentou durante semanas a fio velhos e novos, mas foi com galhardia e arreganho ímpares que, unidos, lhe fizeram frente.
Um almirante, um radialista, um comunista, e até Maradona (o cão) trataram de, juntamente com as gentes alfamenses, despejar o vírus sem aviso prévio, e trazerem à luz do dia os traços mais fortes da identidade de Alfama. Com uma Lisboa inteira deserta, foi sob a premissa da celebração de Santo António, que Covid ficou refém de si próprio, completamente isolado e inerte, face a um tratamento tão raro, mundo fora, mas tão eficazmente garboso e temerário por ali. A solução foi simples. Não se tratou de um plano premeditado, mas antes a acção mais natural de todas as acções, a que mais congrega e seduz e, afinal, a mais capaz de resolver grande parte dos vírus e dos problemas da humanidade: o amor.