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A alface em pó
Da cozinha vinham gargalhadas e “Ohs” de espanto. “Que isto é uma alface, vejam só!”, a Conceição a olhar incrédula para o pacotito com pó esverdeado que mal lhe enchia a palma da mão. “Mas de onde veio isso?” E a Conceição: “Dos alemães. E que também fazem sopas em pó, diz que basta pôr água a ferver, abrir o pacote e deitar lá para dentro. Deve ser uma grande potreia!”
A Cidade
O que me fazia mais impressão era a rua. Vista daquele 3.º andar perto do mercado de Algés, a rua era em si um mundo, estranhíssimo. As ruas que eu conhecera até aí eram espaços onde toda a gente se conhecia, um local de passagem de uns quantos que iam para o trabalho de manhã e regressavam a casa ao almoço ou ao fim do dia (…) Em Algés, naquele final dos anos 50 (…), tudo isto era movimento, ruído, gritaria às vezes, choradeira outras…
Vitória
Vitória prestava-se a essa norma, que adorava. Ao chegar, irrompia impante até ao cimo dos degraus e detinha-se a contemplar a plebe lá em baixo. Quase sempre trajava modelos de género túnica, pregueados no peito amplo e descaindo depois, em grande volume, até aos pés. Usava o cabelo em trança a rodear-lhe a cabeça e prendia-o atrás com um travessão vistoso, de falsa pedraria. Ao colo, quase sempre um antipático e minúsculo caniche que seguia depois para a cozinha durante o almoço.