Entre todas as formas possíveis de se conhecer um escritor, não existe uma sequer que supere o nível de intimidade do que é tocar a textura que dá forma física aos ideais do mesmo, en­quanto humano comum, de carne e osso, como tu e eu, também posto à prova todas as vezes que os seus pés beijam a rua.

E António Alçada, num tom liberal, leve e solto, ora cronista ora ensaísta, aborda «sem papas na língua» a situação que o mundo todo tem enfrentado nos últimos três anos (2019-2022). Não se debruça apenas sobre a situação de calamidade públi­ca que o mundo tem vindo a enfrentar, mas, também, sobre as consequências que isto carrega, as implicações psicológicas para os cidadãos dos diferentes países, o medo do futuro, os fantasmas do passado, o presente que sabe Deus com que li­nhas foi costurado e, entre todas as situações, explica sobre os mecanismos que considera mais adequados para que se preser­ve a sanidade pessoal e colectiva.

Este O pensador - uma reflexão sobre os tempos de incerteza não é um guia de boa conduta, tampouco uma crítica infundada ou afronta feita aos sistemas políticos que nos governam, mas antes um convite a um diálogo para que se elaborem políticas mais adequadas para as nossas sociedades: políticas que po­nham o pacato cidadão como a peça fundamental de todo o mosaico político-social.

Mauro Campos (Kiese), Agosto de 2022, Malanje