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As três histórias que envolvem “Perdas e Conexões Soltas”, em princípio, podem ser lidas em qualquer ordem, como histórias independentes, embora haja, segundo a interpretação livre do leitor e alguma coincidência aleatória ou intencional do autor, um vínculo entre elas. Mas isso é absolutamente irrelevante, o que interessa é a narrativa do clima de melancolia e assimilação da vida.
Em “Quinta-Feira”, Alfredo Tibúrcio enfrenta uma crise de separação de sua mulher, Constância, com a qual, entretanto, continua mantendo vínculos tão fortes que articula até uma bizarra investigação sobre o novo namorado da mulher, interessado que estava , inicialmente, mais em verificar se ela era feliz.
Com a doença súbita da mulher, sua vida é abalada ao extremo, obrigado a fazer terapia e tomar remédios, tentando administrar a ideia da morte dela escrevendo um primeiro livro e produzindo histórias próprias de vida fantasiosas, fugindo da realidade de uma perda.
Em “Fragmentos de Ceres e Walkíria”, o clima de luto é permanente no personagem Ceres, idealizando no que pode a figura perdida de Walkíria, agora guardada, obsessivamente, numa lata roxa com as cinzas, reelaborando situações dramáticas entre ambos, criando outras situações bizarras e trocando nomes, e, finalmente, tornando-se um seguidor de mostras de cinema ou criando clubes de viúvos, onde sua fantasia ou seu sonho tenta se comunicar com sua conexão perdida e se permitir dar asas a novos desejos.
Em “Varanasi”, um jovem, Carlos, em crise com sua noiva e na empresa de aviação em que trabalha, encontra , perdido no meio das obras do que seria o apartamento do casal, um caderno-diário de um desconhecido, presumivelmente antigo morador.
Coincidentemente ou não, os relatos do caderno passam a andar em fase com os acontecimentos na vida de Carlos, mudando completamente sua maneira de encarar a si mesmo e as pessoas que o cercam.