"O Morcego" é uma coleção de contos que abordam várias facetas da convivência humana nas várias fases da vida, numa linguagem ora ácida, ora divertida ou divagativa.

Há espaço para contos bizarros e provocantes, como " O Apagão", onde um casal subverte totalmente a apresentação de uma peça de teatro, "Seu Botelho", um homem absolutamente devasso, que deveria ser o que parecia, mas não era, e nada é o que se presumia ser, "Marion", uma mulher chegando à meia idade e não disposta mais a suportar a vida insossa que tinha, levada ao paroxismo contraditório de ter haurido, mesmo diante de um incidente grave, nova autoestima numa viagem de férias, "O Cinéfilo", um homem absolutamente fora do tempo e do lugar presentes, vivendo crivado de preconceitos, literalmente no mundo da Lua, e até "O Morcego", onde a saga de uma arquiteta em conciliar sua personalidade e escolhas cruza com outros caminhos e , finalmente, com um estranho morcego, que religiosamente, todas as noites, vem dormir no velho armário alto da cozinha do apartamento.

O estilo narrativo, eivado de situações de clímax e anticlímax, onde a ação e a própria narrativa agem sinergicamente, faz com que o leitor, uma vez iniciado um conto, sinta uma curiosidade sem par de concluí-lo,seguindo ou desconfiando, conforme o caso, das divagações ou insinuações propositais ou casuais dos personagens, tornando a narrativa crivada de questões puramente subjetivas ou misturadas, simplesmente, com pragmatismo necessário para se viver.