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Eu deslumbrada pela beleza inebriante do local, tu sais de
rompante, nem sentes o frio da hora, tal o calor do sentir, abres a porta do meu lado, estendes a mão, eu correspondo ao
gesto, levanto-me com lentidão, como se em reticências de
timidez, essa leitura adiciona magia ao instante, onde uma chuva miudinha conferia às coisas do mundo um carácter de
irrealidade que apenas acentuava o facto de te amar, os corpos
fundem-se enquanto os lábios se descobrem com avidez, a
chuva e o vento como testemunhas de um beijo sem amanhã,
passas-me os dedos pelo rosto, a dúvida se são lágrimas ou chuva a
demarcar-me os contornos, assim ficamos, abraçados, por
momentos, breves de facto, talvez nos julgássemos os dois únicos habitantes do mundo, por fim, pegas-me na mão, murmuras (“Anda, vem…”), sigo-te, sempre de dedos entrelaçados, como se uma promessa de te acompanhar até ao fim das coisas, sentes essa firmeza e confiança pelo latejar das falanges, descemos a sinuosa escarpa até à areia, aí chegados, ficamos emudecidos e gratos a contemplar uns subtis traços alaranjados a Este, nada
dissemos, íamos dali assistir, abraçados, ao nascimento do Mundo.