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- Mãe, o que é um jogral?
É esta inocente pergunta que desencadeia a história contada em Todos os Dias são Meus, saga familiar que passeia pelas últimas cinco décadas da vida de Portugal, tendo como ponto de partida a eclosão da guerra em Angola, em 1962.
Depois de Memórias de um Tempo Claro, que retrata, de maneira sui-generis, a vida dos militares em campanha na antiga África portuguesa, e de Os Areais do Vento, que aborda a problemática dos retornados a Portugal e da sua integração no País, o autor retrata neste romance – que completa uma espécie de trilogia sobre Portugal contemporâneo – a vida de três gerações de uma família, em cujo percurso os seus membros são confrontados com períodos de convulsão política e social – a guerra em África e o desmoronar do Império; Delgado e as tentativas de golpe de Estado para tirar o poder a Salazar; e o 25 de Abril ou o PREC – que alternam com tempos de aparente acalmia e prosperidade – o crescimento económico no Marcelismo; a adesão à CEE e os apoios financeiros canalizados para o País; ou a normalização da vida democrática.
O autor coloca alguns dos seus personagens em contacto com o mundo e a maneira como lá eram percecionadas as realidades do País, ao mesmo tempo que releva alguns arreigados preconceitos sociais que, mesmo de maneira subterrânea, ainda subsistem em Portugal. E que, de tão sedimentados, acabam por conduzir ao mais trágico e inesperado desfecho desta saga familiar.