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Um dramaturgo conta uma história, o somatório de acontecimentos e não acontecimentos. Confiante na peça que escreveu, leva-a a cena.
As personagens em palco personificam as relações de quatro pessoas que sustentam relacionamentos sem fé, infiéis que assumem a mentira e são verdade em estado puro.
Um, o homem, a ambição revolve-lhe a lista de aspirações e move-o para o interior do país para apostar numa carreira política, criar a sua própria empresa, pairar sobre os comuns. Termina o espectáculo a travar uma luta entre o amor, a razão e as suas crenças.
Uma, a esposa, é dedicada e domesticada até que uma amiga lhe agita os paradigmas e a torna existente. Domina apenas o amor pela simplicidade e transparência com que o filho nasceu de si. Termina o espectáculo a travar uma luta entre o amor, a ética e a dor.
Outra, a amante, conhece a plasticidade do prazer, a agilidade do pensamento, a pertinência do saber. Capaz, volátil, abandona-se nos outros para encontrar os seus desejos. Termina o espectáculo a travar uma luta entre o amor, a vingança e consigo mesma.
O último, filhe de todas as outras personagens, nasce livre e plural e nunca mais o volta a ser. Começa, trespassa e termina o espectáculo a travar lutas inglórias com o mundo, a família, a religião, a educação, o amor, a verdade. Tem raridade no caminhar, segue para o nascimento e não para a morte, repudia o fim e persegue a liberdade do estado transparente em que nasceu.
Caríssimos espectadores, desliguem-se de tudo o que estiver para lá do pano de boca e vejam como a mentira é piedosa quando dá pelo nome de espectáculo.