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Aqui, da rocha se levantam pessoas que lutam pela vida. Depois dos cereais, da batata, da carne selvagem, da pedra para a construção, a natureza cria o homem: duro como a pedra que o rodeia, uma máquina que se desfaz em trabalho. A rocha lhe molda o carácter, lhe empresta grandeza universal. Sendo este homem pobre por natureza, o Douro é a sua primeira migração. O Douro e a cidade, ou o Douro antes da cidade. Depois, o mundo. Mais próximo, é o Douro o primeiro lugar que lhe promete sustento. E é lá que se desfaz sob sol escaldante e se refresca à vista do Rio onde não pode mergulhar. É lá que se deslumbra pela primeira vez, outra e outra vez, como se fosse a primeira, e se perde assim deslumbrado.
Este homem transmontano gosta de agradar sempre e quando não, prefere partir a ficar por esmola ou perrice. O Vinho do Douro, que leva Portugal ao Mundo, é fruto dessa paixão e dessa perdição.
Este romance faz-se da mulher e do homem dessa cepa e desse vinho. E, como esse vinho, que o tempo o eternize e lhe apure os sentidos, o Leitor o beba e lhe faça justiça.