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Século XV, aquele suposto Portugal
Lisboa fumega, destruída pelos próprios filhos. Errantes pelo mundo, um escudeiro, um infante e uma rainha reerguem-se para cumprirem as promessas feitas, em busca da paz. Mas, entre vencedores e vencidos, a coroa permanece esmigalhada e sem dono e uma derradeira e fatal traição empurra Portugal para um novo desgoverno que pode pôr em causa a sua independência… e a sua fé.
Os aliados de outrora tornam-se inimigos. Alianças são feitas e desfeitas com a bênção da Santa Sé. Os pretendentes à coroa multiplicam-se como ratos. Escutam-se ao longe os suspiros de quem sobreviveu à Guerra do Testamento. E os suspiros guardam segredos.
“Então que haja guerra! Mas que não seja uma dessas guerras em que há morte.”
Segunda badana:
“Com o coração frenético e as palmas das mãos cobertas de suor, D. Fernando acariciou o chão acidentado que separava o castelo do convento de Santo Agostinho. Lá chegado, desbravou os muitos panos em que a pequena dormitava. Olhou-a e beijou-a uma última vez, para depois, com toda a fúria, esmurraçar a sensível e humilde porta de madeira. Dado o sinal, correu, correu muito, tentando não tropeçar no saiote devoto que lhe cobria os motores da fuga.
Assim morria a infanta D. Catarina. Quem a colheu à porta nem sonharia com a sua verdadeira identidade. Dar-lhe-ia outro nome. Faria dela monja, abadessa ou freira, obrigações que a tornariam melhor pessoa do que aquela que cresceria no rodopiar de intrigas, ódios e mentiras que era a corte. Por isso, era como se tivesse morrido...
“Fiz o que me pedistes”, disse o infante ao cunhado quando regressou ao paço. Ganhou um abraço de D. Carlos e uma insónia tremenda. Mas Deus compreenderia o seu ato. Perdoá-lo-ia e o seu lugar no céu não estaria comprometido.”
In A Coroa Partida – Um segredo que devastou Portugal