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(...) “Calo-me em fantasia de condenado. Quero cálice até à última gota. E o veneno. E a glória redentora de nada ceder em no meu tormento. Podia imaginar-te nua. Podia escrever-te poemas ou cartas de amor azuis. Podia esquecer-te, ouviste? Mas não quero. Escuta bem, não quero! Quero-te meu “cântico negro”, pois que minha glória é também “criar desumanidade”. E negar o teu corpo. E tu saberes … E então talvez o gesto apaziguador da fêmea. Talvez o teu seio. Talvez a linha exposta das tuas coxas nuas. Talvez a flor azul nos teus cabelos. Talvez o tudo e o nada. Talvez o mistério aceso. Ou o interdito a desvendar o rosto e a aguçar o esporão do Desejo. (...)”
(...) “E, eis agora, que ali estava a mesmíssima Cléo, espartilhada dentro de um par de jeans que lhe arredondavam as formas e espicaçavam a elegância das pernas, a ver- se em palpos de aranha para conter aquele mar de gritos e assobios! Que fazia a Cléo ali, a saudosa Cléo, a Cléo do rescaldo de todos os Maios, a frequentar uma célebre Leitaria de Lisboa e a decorar, com a sua gentil presença, uma selecta Tertúlia Literária, onde, aliás, pontificava um “semiótico”, que lembrava um aranhiço, perante o qual a Cléo vivia em permanente devoção, a mexer e remexer-lhe o café e a sacudir-lhe a caspa dos ombros?. Sabe-se lá que mais a Cléo não lhe sacudiria! (...)”