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Tempo
Havemos de contemplar a vida, conforme nos ensina o antigo pensamento taoísta. É preciso ter a parcimônia de saber aonde e como se colocar diante de seus desafios e itinerários. O domínio desse estado de coisas deve ser mantido casto até certo ponto, uma vez que tal tesouro é motivo de inveja e ganância de todo o tipo de homem.
Este livro fala da contemplação da vida – seus humores e falta de juízo. Nós adultos temos juízo, a vida é que, como uma pipa, parece que não. Serão, destarte, tão absurdos os incríveis personagens dessa estória?
O que fazer, como agir diante do caos?
Às vezes penso que Kafka foi excessivamente oprimido pelo absurdo da vida. Por que outro motivo iria ele querer queimar seu próprio trabalho? Um trabalho seguramente pertinente e tão ousado?
É desse assombro que nasce a matéria vital de “Ar Sujo”. É do imponderável, da submissão imponderável do homem ao jugo do poder inclemente que nasce a voz bombástica desse livro.
Fernando Barral nunca esteve tão vivo e alerta como nessas linhas e é da sua produção abastada que observamos o nascimento, e agora, o amadurecimento de um autor tão correto, tão viril e tão máximo para o seu próprio contemplar, ó leitor.
Como diria seu amigo Vincent, este é o tempo de Fernando. Este é o tempo de seus novos leitores.