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Frequentemente olhava para os meus pais e meditava sobre o que seria mais doloroso: assistir à morte cerebral, lenta e degradante, num organismo saudável, no caso da minha mãe, ou ao depauperamento físico, numa mente brilhante e extremamente activa, no caso do meu pai. Ainda hoje não encontrei resposta, mas sou peremptória em afirmar que são duas situações de uma complexidade extrema.
Por tudo isto eu estava, não só estranha, mas também alheada. Era a minha despedida, o meu adeus, o meu "nunca mais" à minha mãe. Até sempre meu amor, minha querida, minha linda, minha rica, minha menina... minha MÃE!
O amor pode revelar-se de diversas formas: conjugal, maternal, paternal, filial, fraternal, avuncular... até a amizade é uma maneira diferente de gostar.
Comum a todas elas, na minha opinião, é querer o melhor para o ser querido. Sem egoísmos, sem amarras, sem cobranças... num despojamento total. Por isso, quando chega o momento final, apesar de todo o desgosto que nos cause, devemos libertar, suave e firmemente, aquele que padece e deixá-lo desprender-se livremente de tudo quanto o prende à terra. É amar bem, na verdadeira acepção da palavra.