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Manuela C. Neves, com o seu ar tímido, não fazia transparecer a pessoa enérgica que era. Ela, que tanto gostava de escrever e inventar histórias, principalmente para a pequenada, foi também uma vendedora de livros. Mas não em lojas, não. Ela percorria os espaços onde sabia, ou acreditava, que encontraria gente a quem os seus livros iriam de certeza agradar.
Desde teatros a hospitais e centros frequentados por intelectuais, os seus percursos eram palmilhados com a confiança plena que tinha na sua capacidade de convencer os seus interlocutores de que as obras alheias que transportava consigo eram dignas dos seus normais interesses de leitura.
E para demonstrar que os admirava não se coibia sequer de lhes pedir os respetivos autógrafos. Lembro-me, de entre outros, os do dr. Alçada Batista e do empresário Sérgio Azevedo. Estudou em Lisboa e também na Alemanha onde fez um mestrado em Literaturas Germânicas. Uma vez ali, despendeu parte do seu tempo dando aulas de português a estudantes estrangeiros e logo que regressou começou a aplicar o pecúlio adquirido com o seu aprendizado, transmitindo os seus conhecimentos de alemão a alguns jovens alunos portugueses.
Quis a má fortuna, como diria Camões, que a sua passagem terrena fosse algo efémera, mas nunca se esqueceu dos seus caríssimos alunos, para quem preparava as suas lições
com todo o afinco. Por isso, ela deixou um pedido formal para que dos seus manuscritos deixados órfãos fossem escolhidos alguns, afim de serem editados e publicados, se para tanto fosse encontrado neles algum valor literário. Percebendo alguma hesitação da parte de outros familiares eu tomei a iniciativa de fazer cumprir o seu desejo e deitei mãos à
obra. Assim, a escolha destes textos é da minha exclusiva responsabilidade, tal como a ideia que presidiu à apresentação e concepção da capa do livro.
Espero que gostem.