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“Claro que os melros voltarão em breve para degustar diospiros, debicar romãs e engolir os frutos vermelhos dos azevinhos, carregadinhos deles, enquanto os ouriços-cacheiros, as doninhas, os furões, as raposas e os esquilos vagueiam perdidamente pelos campos de milho à procura de espigas abandonadas e de outros lambiscos próprios dos tempos como restos de maçãs, uvas, figos, nozes, medronhos, castanhas e romãs. Quando terminarem as bolinhas vermelhas do azevinho será Natal e não haverá bolinhas para ninguém. Mais. Porque são elas venenosas para o homem, segundo se sabe, e um belo e sazonal petisco para os estouvados e amigos melros?...Antes havia pelos arredores da fábrica de bolachas Vieira de Castro, do meu vizinho e amigo de há mais anos Carlos mas, nos últimos tempos, certamente por exi-
gências de controle e higiene, eles só têm mesmo os grãos de milho descuidadamente deixados nos campos. E assim os melros antecipam-se ao Pai Natal e colocam a mesa para todos assistirem ao seu e ao nosso descontentamento pela dureza e privações dos tempos aziagos que se aproximam e pela chegada da longa noite do Inverno. Só mesmo o fascínio renovado e intenso da estrela brilhante de Belém para fazer levitar os homens sonhadores nesta peregrinação forçada e imprevisível pelos lugares infectos deste Mundo.”